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Clique aqui para ver uma reportagem do Jornal da Globo falando a respeito do festival de animação do Rio de Janeiro (ANIMA MUNDI) que mostra a qualidade dos trabalhos brasileiros. As cenas das telas andam provocando a cobiça de estrangeiros na arte feita em vários estados.



Nova safra de artistas digitais invade o aquecido mercado brasileiro de animação


O animador Vinicius de Moraes, 24 anos

A ideia era reunir a novíssima safra de profissionais da área de animação carioca para uma conversa sobre essa tribo, formada por uma galera que cresceu assistindo a filmes da Disney com um brilho diferente nos olhos. Mas, quando a equipe da Megazine viu uma sala lotada com 13 machos, não houve como evitar a primeira pergunta: cadê as meninas?

- Tem poucas. Acho que as mulheres buscam áreas com mais segurança, e a animação, até pouco tempo atrás, era um mercado muito incerto no Brasil - arrisca o animador Vinicius de Moraes, de 24 anos. - Só agora está virando uma realidade.

A paisagem está mudando mesmo. Um dos organizadores do Festival Anima Mundi, cuja 18 edição começa sexta, Cesar Coelho explica que o país vive um legítimo "boom" da animação - ajudado em parte pelo sucesso internacional do carioca Carlos Saldanha, diretor da trilogia "A Era do Gelo". Estúdios triplicaram de tamanho de dois anos para cá, graças à demanda de novas séries de desenho animado para canais como TV Cultura, TV Brasil, Discovery Kids e Cartoon Network. Produtoras como Copa Estúdio, Labo Cine e 2D Lab, do Rio, e TV Pinguim e Mixer, de Sampa, estão na janela desse ônibus.

- Sempre gostei de desenhar e contar histórias. Fiz Cinema na PUC já pensando em animação, e esse meu filme é a minha migração também. Estou levantando um voo - orgulha-se o ilustrador do Estúdio Consequência.- O mercado de animação para TV é gigante, e estamos entrando pela porta da frente. Hoje, sobram vagas para animadores - garante César Coelho. - Tem muita gente nova sendo contratada.

O Anima Mundi, que este ano chega com 452 títulos (108 são do Brasil) é "cúmplice" dessa renovação de contingente. Além de criar público, o evento ajudou a formar artistas digitais como a animadora Rosaria (uma menina!), de 25 anos. Ela tem um filme no evento este ano e é uma das ilustradoras do seriado "Tromba trem", que o Copa Estúdio está fazendo para a TV Brasil (estreia em 2011).

Assim como Rosaria, o carioca Pedro Ivo, de 23 anos, deu os primeiros passos nas oficinas abertas do festival (este ano, vai rolar uma oficina de grafite aplicado em animação, pilotada pelo grafiteiro Meton). Hoje, Pedro é um profissional e terá um curta-metragem ("Migração") exibido durante a mostra.

Os animadores David (esquerda), Fernando e Pedro

Como praticamente todo animador brasileiro, Pedro aprendeu muita coisa sozinho, brigando com softwares baixados da web, até cavar emprego e absorver o resto no batente. São raríssimos os cursos da área no país (só a UFMG tem curso de graduação, e, no Rio, faculdades como PUC e Veiga de Almeida têm apenas programas de extensão). Fernando Mendonça, 21 anos, nunca fez aula. Ele cresceu em Natal (RN) e conquistou seu espaço na tei$. Enviou portifólio a Deus e o mundo até se mudar para o Rio, contratado pelo 2D Lab, estúdio que faz o desenho "Quarto do Jobi", da Cultura, e está finalizando outra série, "Meu amigãozão", para o Discovery Kids (estreia em agosto).

- Em Natal, deve ter três ou quatro pessoas trabalhando na área. O mercado é bem maior no Rio, mas, mesmo aqui, quando digo que sou animador, as pessoas acham que faço festa de criança - conta Fernando, rindo.

Mas a rotina num estúdio é zero animada. O trabalho exige paciência e concentração budistas. O paulistano Carlos Eduardo Rosenfeld tem só 19 anos, mas já trabalhou em dois longas ("A princesa e o sapo" e "Chico e Rita") e, hoje, é intervalista na produção do "Lutas", novo longa do diretor e roteirista Luiz Bolognesi ("As melhores coisas do mundo"). Seu trabalho é fazer os desenhos intermediários, quadro a quadro, $cenas principais.

- Paciência tem que ser virtude do animador. E não dá para trabalhar ouvindo música ou conversando - diz David Mussel, 25 anos, que se formou na UFMG e vai exibir um curta no Anima Mundi ("Quindins"). - Meu filme tem dez minutos e levou três anos até ficar pronto.

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Reportagem retirada do site MEGAZINE



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